PT prepara caminho para
romper com o clã Sarney no Maranhão em 2014
PT: Manobra arriscada no Maranhão |
Discretamente
o PT prepara o terreno para pôr fim à incômoda aliança com a família Sarney no
Maranhão. Nas últimas semanas, integrantes da direção nacional mandaram recados
ao vice-governador Washington Luiz (PT) para que ele aceite a proposta da
governadora Roseana Sarney (PMDB) de se afastar do cargo e aceitar uma vaga no
Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com isso,
o partido espera quitar as dívidas políticas com os Sarney e ter liberdade para
apoiar a candidatura de Flavio Dino (PC do B) ao governo do Maranhão. Pesa na
tática petista o delicado estado de saúde do senador José Sarney (PMDB-AP) e
falta de um sucessor à altura dele no clã.
O
afastamento de Washington abriria caminho para uma manobra delicada que,
segundo petistas e aliados de Roseana, está nos planos da governadora como
forma de preparar o terreno para que seu secretário da Casa Civil, Luís
Fernando Silva, candidato oficial do Palácio dos Leões, assuma o governo em
pleno ano eleitoral.
A manobra
seria a seguinte: antes, ela convenceria o vice a assumir uma vaga no TCE.
Dessa forma, com a vacância no cargo de vice, ela teria condições para deixar
antecipadamente o governo e convocar eleições indiretas para o cargo.
A
Constituição do Maranhão prevê, em seu artigo 60, que em caso de vacância no
cargo de governador ou vice serão seus substitutos o presidente da Assembleia
Legislativa ou do Tribunal de Justiça do Estado. Eles, em caso de vacância do
cargo de governador nos dois últimos anos de mandato, são obrigados a convocar
eleições indiretas para o governo, conforme determina o inciso I, do artigo 61
da Constituição do Estado.
Essa
ideia, entretanto, é vista com uma certa ressalva inclusive pelos aliados de
Roseana. Isso porque não há garantias de que a Assembleia Legislativa do
Maranhão vá confirmar o nome de Luís Fernando Silva no governo do Estado. Em
2003, em manobra semelhante, a família Sarney perdeu o controle da Assembleia
Legislativa na gestão de José Reinaldo Tavares (PSB), ex-integrante do grupo
que se rebelou contra os Sarney e abriu caminho para a eleição de Jackson Lago
em 2006.
A cúpula
petista dá total apoio à manobra e tenta convencer Washington a aceitar a vaga
no TCE. O vice tem recusado a proposta e continua irredutível na intenção de
assumir o governo mesmo que seja apenas por alguns meses. A direção petista
avalia que, se conseguir eliminar o entrave para o plano de Roseana, estará
quite com a família Sarney e ficará livre para apoiar Dino.
O
principal objetivo da manobra de Roseana seria cacifar seu candidato à própria
sucessão. Há aproximadamente três meses, Silva vem inaugurando obras e
participando de ações do governo do Estado visando ser mais conhecido no
interior, onde ele ainda é tido como um desconhecido. Fontes ligadas à Roseana
afirmam que esse tipo de iniciativa vem dando um grande capital político a
Silva.
O segundo
objetivo diz respeito à disputa pelo Senado. Apesar de não admitir isso
publicamente, começa a crescer dentro do eixo sarneísta a possibilidade de a
governadora do Maranhão lançar-se novamente ao Senado. Em tese, o homem
apontado pelo Palácio dos Leões para a disputa da vaga é o atual ministro do
Turismo, Gastão Vieira.
Mas
Vieira afirmou a interlocutores na festa de casamento de uma das netas do
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em julho, que não tem mais “idade”
para uma disputa ao Senado. Ele prefere tentar mais um mandato como deputado
federal.
Sem
opções de nome do grupo ao Senado, Roseana deve se lançar candidata na vaga que
será deixada no Estado por Epitácio Cafeteira (PTB-MA) no ano que vem.
Fonte: IG - Brasília
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