A ditadura militar completa 50 anos dia 31 de março; muitos da época dizem que naquele período o país era bem melhor e tinha mais respeito pelas leis.
Cinquenta anos após a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade original --uma passeata que reuniu cerca de 500
mil pessoas na região central de São Paulo contra o então presidente João
Goulart e é considerada um dos estopins para o golpe que implantou a ditadura
militar no Brasil--, a reedição do protesto realizada no sábado (22) foi
pródiga em mobilização virtual, mas quase inexistente em presença real.
Nas duas maiores cidades do país
--São Paulo e Rio--, as manifestações que pediam uma nova intervenção militar e
o retorno da ditadura comandada pelas Forças Armadas reuniram cerca de 650
pessoas: foram 500 no centro da capital paulista e outras 150 na região central
da capital fluminense.
As marchas de tom conservador, que
surgiram em redes sociais, não conseguiram levar às ruas sequer uma fração
considerável das dezenas de milhares de pessoas que pareciam mobilizadas pela
internet --o evento postado no Facebook para divulgar a marcha em São Paulo
tinha 30,9 mil convidados; para o evento no Rio, eram 9,2 mil.
A Praça da Sé, no centro de São
Paulo, foi palco de uma manifestação --também convocada pelas redes sociais e
com muito mais mobilização online que presença real nas ruas--, que foi criada
justamente para protestar contra a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
Cerca de 800 manifestantes
participam da Marcha Antifascista - Contra a Ditadura Militar, que teve 79,1
mil convidados e 7,4 mil confirmações na página criada para divulgar o evento
no Facebook.
Saiba o que pensam alguns desses
personagens que foram às ruas pedir pela volta dos militares ao poder --ou
protestar contra quem pede e defende isso.
17 anos, cores da bandeira nos
cabelos e a favor da "democracia de forma correta"
Uma das organizadoras da Marcha da
Família com Deus pela Liberdade no centro de São Paulo, Isabela Trevisani, 17,
usava as cores da bandeira nacional até nos cabelos. A adolescente declarou que
participa de protestos do tipo há três anos e vinha ajudando a organizar o
protesto pela internet desde dezembro passado.
"Nós somos a favor da
intervenção constitucional. Já existe um estado de guerra civil no país e a
Constituição prevê a intervenção militar em casos assim. Hoje um bandido pode
matar um policial, mas um policial não pode matar um bandido", disse.
Filha de pais católicos, Isabela é
evangélica e considera sua família muito conservadora. Ela se diz a favor da
democracia, "desde que feita de forma correta". "Hoje não sou
favorável ao voto, porque a urna eletrônica é fraudada."
"Esperávamos qualquer coisa
hoje", diz professor que marchou contra militares
"Colocar as pessoas na rua
contra a memória da ditadura militar diminui o poder que essas pessoas
[defensores da intervenção dos militares no governo] têm de prejudicar os
outros", acredita o professor de História Luis Felipe Creno, que
participou da manifestação antifascista em São Paulo.
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